Por unanimidade, STF decide manter prisão preventiva de Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro sentado em uma sala durante prisão domiciliar em Brasília, em imagem de arquivo.
Jair Bolsonaro durante período de prisão domiciliar em Brasília. (Foto: Reuters/Adriano Machado)

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. A análise, concluída nesta segunda-feira (24), confirmou a decisão tomada no sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, que converteu a prisão domiciliar do ex-presidente em preventiva.

Votaram pela manutenção da prisão os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia, acompanhando integralmente o entendimento de Moraes.

Bolsonaro está detido em uma sala da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, desde sábado.

A análise ocorreu no plenário virtual da Primeira Turma, modalidade em que os ministros registram seus votos no sistema eletrônico, sem a necessidade de sessão presencial.

Por que a prisão preventiva foi mantida

O ministro Alexandre de Moraes converteu a prisão domiciliar em preventiva após a Polícia Federal relatar que Bolsonaro tentou violar a tornozeleira eletrônica. O episódio ocorreu horas depois de o senador Flávio Bolsonaro convocar uma vigília religiosa em frente à casa onde o ex-presidente cumpria prisão domiciliar.

Segundo Moraes, a tentativa de violação do equipamento indicou risco iminente de fuga, além de descumprimento de medidas cautelares impostas pelo STF. O ministro afirmou ainda que Bolsonaro “inutilizou a tornozeleira eletrônica de forma dolosa e consciente”.

Durante a audiência de custódia realizada no domingo (23), Bolsonaro disse que o ato foi resultado de um “surto” provocado pela interação de medicamentos psiquiátricos, entre eles pregabalina e sertralina, e negou ter intenção de fugir.

O que disseram os ministros

Alexandre de Moraes (relator)

Destacou que Bolsonaro confessou ter tentado mexer na tornozeleira com o uso de um ferro de solda, o que classificou como falta grave e descumprimento deliberado de decisão judicial.

Flávio Dino

Afirmou que grupos mobilizados em torno do ex-presidente podem agir de forma imprevisível, mencionando episódios de 8 de janeiro. Para ele, existe risco de tumulto e até confronto com policiais responsáveis pela custódia.

Cristiano Zanin

Acompanhou integralmente o voto do relator, sem acréscimos.

Cármen Lúcia

Também acompanhou o entendimento, votando pela manutenção da prisão.

Situação processual

A condenação de Jair Bolsonaro no caso da trama golpista, que resultou em pena de 27 anos e três meses, está na fase final de recursos. Quando encerrada, a decisão se tornará definitiva e poderá iniciar a execução da pena.

Os advogados de Bolsonaro afirmaram ao STF que o vídeo da Secretaria de Administração Penitenciária do DF mostra que não houve tentativa de romper o equipamento, mas sim comportamento alterado por efeitos de medicamentos. A defesa também argumenta que o quadro de saúde do ex-presidente justificaria prisão domiciliar humanitária.

O que Bolsonaro disse na audiência de custódia

Na audiência deste domingo, o ex-presidente relatou:

  • que teve “paranoia” e confusão mental associadas a medicamentos psiquiátricos;
  • que estava com o sono irregular;
  • que mexeu na tornozeleira por curiosidade técnica, utilizando ferro de solda;
  • que interrompeu a ação ao perceber o erro;
  • que informou os agentes após o episódio;
  • que não tinha intenção de fugir.

*Com informações do G1

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