Senado aprova projeto da “OAB dos médicos”; exame pode virar regra no Brasil

Médico segurando prancheta com estetoscópio no pescoço, ilustrando a proposta do exame nacional obrigatório para novos médicos.
Médico registra informações; Senado avança na criação do exame de proficiência. (Foto: Freepik)

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (3), por 11 votos a 9, o projeto de lei que cria o Exame Nacional de Proficiência em Medicina (Profimed), uma espécie de “OAB da medicina”, como requisito obrigatório para que novos médicos obtenham registro profissional nos Conselhos Regionais de Medicina.

A proposta ainda será votada em turno suplementar na própria comissão, última etapa antes de seguir para a Câmara dos Deputados.

O texto aprovado é um substitutivo apresentado pelo relator, senador Dr. Hiran (PP-RR), ao PL 2.294/2024, de autoria do senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP).

Segundo o presidente da CAS, senador Marcelo Castro (MDB-PI), por ser decisão terminativa na comissão, o projeto só depende dessa segunda votação interna para avançar.

Como funcionará o Profimed

Pelo substitutivo aprovado, o exame será:

  • Coordenado e aplicado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM)
  • Obrigatório para novos médicos, inclusive formados no exterior
  • Equiparado às duas etapas do Revalida, evitando duplicidade para quem já revalidou o diploma

O texto também cria mecanismos adicionais de avaliação e acompanhamento da formação médica no país:

Novas regras propostas

  • Enamed obrigatório no 4º ano da graduação, sob coordenação do MEC, para medir a qualidade dos cursos;
  • Expansão das vagas de residência, com meta de chegar a 0,75 vaga por médico formado até 2035;
  • Competência exclusiva da União para autorizar e supervisionar cursos de medicina;
  • Criação da Inscrição de Egresso em Medicina (IEM), permitindo ao graduado realizar apenas atividades técnico-científicas até ser aprovado no Profimed.

Críticas à formação médica atual

Na defesa do projeto, o relator Dr. Hiran afirmou que a medida é vital diante do que chamou de “crise perigosa de fragilidade na formação médica brasileira”, causada pela proliferação desordenada de faculdades.

“Esse é o projeto de lei mais importante do século para proteger o povo brasileiro”, disse Hiran.

O autor da proposta, senador Marcos Pontes, reforçou a necessidade de mudança:

“Precisamos de uma solução urgente para o crescimento desordenado de faculdades de medicina que não têm capacidade de formar bons médicos.”

Debate e divergências

A votação foi marcada por intenso debate. Embora concordem com a necessidade de uma avaliação nacional, alguns senadores contestaram o formato proposto.

Os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Zenaide Maia (PSD-RN), ambos médicos, defenderam um processo de avaliação continuada, e não apenas um exame único ao final do curso.

“Defendo a proficiência, mas como etapa de um processo mais amplo, com consequências para as escolas”, afirmou Rogério.

O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) destacou que a divergência está menos na existência do exame e mais em quem deve aplicá-lo.

“Não sou a favor desse exame único no final do curso. O aluno deve ser avaliado durante todo o processo formativo”, ponderou Zenaide Maia.

“Todos somos favoráveis ao exame. O debate é retirar do MEC a atribuição de aplicá-lo.”

*Com informações da Agência Senado

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