Presidente garante que obra vai conectar Manaus a Porto Velho sem ampliar desmatamento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista exclusiva à Rede Amazônica, que a BR-319 será reconstruída com equilíbrio entre desenvolvimento e preservação ambiental. A rodovia liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO) e está há mais de 30 anos sem pavimentação completa.
“Vamos fazer a BR-319, eu posso te garantir. Mas vamos fazer de comum acordo com os ambientalistas e para atender duas capitais que não podem ficar isoladas como Porto Velho e Manaus”, declarou o presidente.
Estrada e desafios ambientais
A BR-319 tem 885,9 quilômetros de extensão, sendo 821 km no Amazonas e 64,9 km em Rondônia. É a única ligação terrestre do Amazonas com o restante do país e atende cidades como Humaitá, Lábrea e Manicoré.
Trechos não pavimentados dificultam o tráfego desde os anos 1990. Impasses ambientais e decisões judiciais têm impedido a conclusão da obra. Em julho, a Justiça Federal suspendeu a licença prévia para o trecho central, apontando riscos de abertura de ramais ilegais e especulação fundiária.
Lula destacou que o governo não permitirá que a rodovia se torne vetor de desmatamento. “Não podemos fazer uma rodovia e, dois meses depois, ver o desmatamento, o grileiro criando gado onde não pode criar gado, plantando soja onde não pode plantar soja. Temos que manter a floresta intocável para o bem da humanidade inteira”, disse.
Marina Silva e gestão conjunta
O presidente também defendeu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alvo de críticas no Congresso por sua posição em relação à obra. “Às vezes jogam a culpa em cima da Marina. Mas a Marina nunca disse que é proibido fazer. O que ela quer discutir é como fazer as coisas. E se for bem feito, é melhor para todo mundo”, afirmou.
Segundo Lula, a execução da obra depende de um pacto entre União, estados e municípios. “Temos que ter responsabilidade do governo federal, do governo estadual e das prefeituras para que a gente cuide da Amazônia”, declarou.
Avaliação ambiental estratégica
Em julho, Marina Silva anunciou a criação de uma comissão interministerial para conduzir a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) da BR-319. O estudo será coordenado pela Casa Civil e reunirá os Ministérios do Meio Ambiente e dos Transportes.
A análise abrangerá uma faixa de 100 quilômetros ao redor da rodovia, incluindo terras indígenas, unidades de conservação e áreas sem destinação definida. A Advocacia-Geral da União defende a continuidade da licença, argumentando que 55% da área já possui unidades de conservação que funcionam como barreira contra o desmatamento.
Debate político
A recuperação da BR-319 tem gerado embates entre parlamentares. Em maio, durante audiência no Senado, a ministra Marina Silva foi alvo de ofensas enquanto defendia a necessidade de avaliação ambiental. O senador Omar Aziz (PSD-AM) afirmou que a população da região tem direito de circular pela rodovia.
*Com informações do G1 Amazonas
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