Vai exagerar na ceia de fim de ano? Saiba como evitar azia e má digestão

Mesa de ceia de Natal com carnes, acompanhamentos e bebidas alcoólicas, associada a excessos que podem causar azia e má digestão.
Excesso de alimentos gordurosos, doces e bebidas alcoólicas na ceia de Natal pode provocar azia e má digestão após a festa. (Foto: Freepik)

A azia e o desconforto abdominal são queixas frequentes após as ceias de Natal e Ano Novo. Apesar de pratos tradicionais como peru, tender ou sobremesas costumarem levar a culpa, especialistas explicam que o principal problema não está em um alimento específico, mas no excesso e na combinação de itens consumidos nessas refeições.

Segundo nutricionistas e gastroenterologistas, a junção de alimentos gordurosos, ricos em açúcar e o consumo de álcool sobrecarregam o sistema digestivo, favorecendo sintomas como azia, estufamento e sensação de má digestão.

“O ponto central das ceias não é um único alimento, mas a combinação de vários itens em uma mesma refeição. Isso pode ultrapassar a capacidade do sistema digestivo”, explica a nutricionista Leila Hashimoto, doutora em Ciência dos Alimentos pela USP e especialista em saúde gastrointestinal.

Combinações que dificultam a digestão

De acordo com o gastroenterologista Áureo Augusto Delgado, membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), algumas combinações são especialmente propensas a causar desconforto após as ceias:

  • Carnes gordurosas, como pernil, chester, peru e tender
  • Acompanhamentos ricos em gordura e carboidratos, como farofa, maionese e queijos mais gordurosos
  • Doces e sobremesas com alto teor de açúcar, como pavê, rabanada, panetone e chocolates
  • Bebidas alcoólicas

Quando consumidos em grande quantidade e na mesma refeição, esses alimentos tornam a digestão mais lenta e aumentam o risco de refluxo e azia.

Delgado ressalta que não é necessário excluir pratos tradicionais da ceia.

“O problema não está no alimento em si, mas no excesso contínuo, especialmente quando associado ao álcool”, afirma.

O que acontece com o corpo quando há exagero

Além das combinações indigestas, o volume de comida ingerido durante as festas também contribui para os sintomas. Com muitas opções disponíveis, é comum ultrapassar o ponto de saciedade.

Segundo Leila Hashimoto, o estômago e o intestino têm limites para digestão e absorção. Quando esses limites são ultrapassados, ocorre distensão do estômago, que pressiona o esfíncter esofágico inferior, estrutura que impede o refluxo do conteúdo gástrico.

Esse mecanismo favorece o retorno do ácido do estômago para o esôfago, causando a sensação de queimação típica da azia.

O álcool agrava ainda mais o quadro. “Ele estimula a produção de ácido gástrico e reduz os mecanismos naturais de proteção do esôfago”, explica Delgado.

Como prevenir a azia e a má digestão nas festas

Especialistas afirmam que é possível aproveitar a ceia sem abrir mão do prazer à mesa. O segredo está no equilíbrio e em algumas medidas simples:

1. Priorize os pratos favoritos
Antes de se servir, escolha os alimentos de que mais gosta e evite colocar tudo no prato de uma vez.

2. Controle as porções
Sirva-se em pequenas quantidades. Isso permite experimentar vários pratos sem exagerar.

3. Não chegue faminto à ceia
Fazer refeições leves ao longo do dia ajuda a evitar exageros à noite e reduz o hábito de beliscar por horas seguidas.

4. Atenção aos alimentos gatilho
Reduza frituras, alimentos muito gordurosos, picantes ou muito condimentados. Evite concentrar muitos doces na mesma refeição.

5. Modere no álcool
Intercale bebidas alcoólicas com água para minimizar os efeitos sobre o sistema digestivo.

6. Evite deitar logo após comer
Espere pelo menos duas a três horas antes de se deitar para facilitar a digestão e reduzir o risco de refluxo.

Chás digestivos como camomila, erva-doce, hortelã, gengibre ou boldo também podem ajudar após a refeição.

Quem deve ter atenção redobrada

Alguns grupos têm maior predisposição a problemas digestivos durante as festas, como:

  • Pessoas com refluxo, gastrite ou síndrome do intestino irritável
  • Idosos
  • Gestantes
  • Pessoas com excesso de peso

Exagerei. E agora?

Caso o desconforto apareça mesmo após os cuidados, a orientação é evitar medidas radicais.

“Não recomendo jejuns prolongados, dietas muito restritivas ou uso indiscriminado de medicamentos”, alerta Delgado.

O mais indicado é retomar a rotina alimentar nos dias seguintes, com refeições leves, boa hidratação e consumo de frutas, verduras e legumes.

Se os sintomas persistirem ou se tornarem frequentes, é importante procurar avaliação médica.

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