Aumento da próstata pode não ser câncer, mas hiperplasia benigna; entenda as diferenças

Médica conversa com paciente durante consulta urológica, ilustrando a importância do diagnóstico para diferenciar câncer de próstata de hiperplasia benigna.
Consulta médica ilustra o acompanhamento indicado para homens com sintomas de aumento da próstata. (Foto: Freepik)

A partir dos 50 anos, cerca de metade dos homens pode apresentar aumento da próstata, glândula responsável por produzir parte do sêmen. O crescimento da próstata comprime a uretra, dificultando a passagem da urina e provocando sintomas que costumam gerar preocupação.

Esses sinais, porém, nem sempre indicam câncer de próstata. Em muitos casos, são resultado de uma condição chamada hiperplasia prostática benigna (HPB), um crescimento natural da glândula, associado ao envelhecimento, a alterações hormonais e ao sedentarismo.

Quando o aumento da próstata preocupa

O aumento benigno da próstata pode causar sintomas semelhantes aos do câncer, mas tem origem e riscos diferentes.
Entre os sintomas mais comuns estão:

  • dificuldade para urinar;
  • aumento da frequência urinária, especialmente à noite;
  • sensação de bexiga que não esvazia completamente.

“Esses sintomas podem aparecer tanto no câncer de próstata quanto na hiperplasia, mas a maior parte dos casos é benigna”, explica o oncologista Diogo Assed, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Enquanto o câncer de próstata é uma doença que pode se espalhar para outros órgãos (metástase), a hiperplasia prostática benigna é um crescimento localizado, que não representa risco de morte.

Como diferenciar as duas doenças

Segundo o urologista Alexandre Iscaife, do Hospital das Clínicas da USP, a próstata pode ser comparada a um abacate:

  • a polpa verde representa a região periférica, onde geralmente surge o câncer de próstata;
  • o caroço, no centro, representa a zona de transição, onde ocorre a hiperplasia benigna.

No câncer, as células crescem de forma descontrolada e podem invadir tecidos vizinhos.
Na HPB, o caroço cresce demais e comprime a uretra, dificultando a saída da urina.

Nos casos mais graves, o paciente pode ter retenção urinária, infecções, formação de pedras na bexiga e até comprometimento dos rins.

Tratamentos disponíveis

O tratamento da hiperplasia prostática benigna depende da gravidade dos sintomas.
O primeiro passo costuma envolver mudança no estilo de vida, com dieta equilibrada e prática de exercícios físicos.

Se os sintomas persistirem, há opções medicamentosas:

  • Alfabloqueadores (como doxazosina e tamsulosina): relaxam a musculatura da próstata e facilitam o fluxo urinário, mas podem causar queda de pressão e tontura.
  • Inibidores da 5-alfa-redutase (como finasterida e dutasterida): reduzem o tamanho da próstata, mas podem provocar redução da libido e disfunção erétil.

Em casos mais complexos, os médicos podem combinar as duas classes de medicamentos para potencializar o efeito.

Indicação cirúrgica

A cirurgia é indicada quando o tratamento medicamentoso não funciona, não é bem tolerado ou quando há bloqueio grave da urina.
Os principais procedimentos são:

  • RTU (Ressecção Transuretral da Próstata): realizada pela uretra, indicada para próstatas de até 80 gramas. Remove apenas a parte interna que está comprimindo o canal urinário.
  • Cirurgia aberta, laparoscópica ou robótica: indicada para próstatas maiores. Remove o adenoma, preservando o restante da glândula.
  • HoLEP (Enucleação Endoscópica a Laser): técnica moderna que usa laser de hólmio para descolar o tecido aumentado. É minimamente invasiva, com baixa perda de sangue e recuperação rápida.

Um estudo conduzido por Iscaife, com 754 pacientes, mostrou que a cirurgia a laser apresenta bons resultados em diferentes tamanhos de próstata, com melhora dos sintomas urinários e menor tempo de internação.

“O desafio da técnica é o treinamento do cirurgião, que precisa de experiência para evitar complicações como sangramentos ou incontinência”, explica o médico.

Prevenção e cuidados

Embora a hiperplasia seja uma condição benigna, o acompanhamento médico é essencial. O diagnóstico precoce, feito por meio de exame de toque retal, ultrassonografia e PSA, ajuda a diferenciar a HPB do câncer e escolher o tratamento adequado.

A recomendação dos especialistas é que homens façam avaliação urológica anual a partir dos 50 anos, ou 45 anos para quem tem histórico familiar de câncer de próstata.

*Com informações da Folha de São Paulo

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