Medicamento já usado contra diabetes e obesidade poderá ser prescrito a adultos com apneia obstrutiva do sono
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na segunda-feira (20), o uso do medicamento Mounjaro para o tratamento da apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade.
A aprovação torna o remédio, já utilizado no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, a primeira terapia medicamentosa aprovada para a condição no país.
O que é apneia obstrutiva do sono
A apneia obstrutiva do sono é caracterizada pela interrupção da respiração durante o sono, causada pelo colapso das vias aéreas superiores.
Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), as pausas respiratórias podem durar entre 10 e 30 segundos e, em casos mais graves, ultrapassar um minuto.
Os sintomas mais comuns incluem ronco alto, sono não reparador, fadiga e dificuldade de concentração.
A condição está frequentemente associada ao sobrepeso e à obesidade, que favorecem o estreitamento das vias respiratórias.
A longo prazo, a apneia pode contribuir para o agravamento de doenças cardiometabólicas, como hipertensão arterial, doença coronariana, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e diabetes tipo 2.
Tratamentos disponíveis
O tratamento padrão para apneia do sono inclui o uso de equipamentos de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP), que mantêm as vias respiratórias abertas durante o sono.
Com a nova aprovação da Anvisa, pacientes com obesidade passam a contar com uma alternativa farmacológica para reduzir os episódios de apneia por meio da perda de peso induzida pela tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro.
Declaração da farmacêutica
O diretor médico sênior da Eli Lilly, empresa responsável pelo medicamento, Luiz André Magno, afirmou que a nova indicação amplia o acesso ao tratamento da doença.
“A aprovação de Mounjaro para a apneia obstrutiva do sono é um marco para pacientes com obesidade, ao oferecer uma opção que atua na causa da condição e contribui para reduzir riscos cardiometabólicos”, disse o médico.
Evidências clínicas da aprovação
A decisão da Anvisa foi baseada em resultados do estudo clínico de fase 3 SURMOUNT-OSA, que avaliou a eficácia e a segurança da tirzepatida em 469 adultos com obesidade e apneia obstrutiva do sono moderada a grave.
Os ensaios foram realizados em países como Brasil, Estados Unidos, Austrália, Alemanha, Japão, México e China.
Nos participantes que não utilizavam o aparelho CPAP, o Mounjaro reduziu em 27 interrupções respiratórias por hora, contra cinco no grupo placebo.
Entre os pacientes que faziam uso de CPAP, a redução média foi de 30 interrupções por hora em comparação ao placebo.
Após um ano de tratamento, 42% dos pacientes tratados apenas com o Mounjaro e 50% dos que combinaram o uso com CPAP apresentaram remissão da apneia ou quadros leves, contra 16% e 14% nos grupos placebo, respectivamente.
Além da melhora respiratória, o medicamento levou à perda média de 18% a 20% do peso corporal, dependendo da combinação com o uso do CPAP.
Sobre o Mounjaro
O Mounjaro é composto por tirzepatida, uma molécula agonista dupla dos hormônios GLP-1 e GIP, produzidos no intestino após as refeições.
Esses hormônios aumentam a secreção de insulina e reduzem o apetite, promovendo controle da glicose e perda de peso.
O medicamento é administrado por meio de injeção semanal e deve ser associado a mudanças no estilo de vida, como alimentação equilibrada e prática regular de atividade física.
No Brasil, o Mounjaro foi aprovado pela Anvisa em setembro de 2023 para o tratamento de diabetes tipo 2 e, posteriormente, em junho de 2025, para controle de sobrepeso e obesidade.
*Com informações de CNN Brasil
Espia mais:











