Entenda o projeto de lei antifacção e o que muda no combate ao crime no Brasil

Policiais militares escoltam homens detidos em operação contra o crime organizado em comunidade urbana.
Policiais militares escoltam suspeitos detidos em comunidade durante operação contra facção criminosa no Rio de Janeiro. (Foto: Eberto Ras Agencia Enquadrar/Folha Press)

O governo federal enviou ao Congresso o Projeto de Lei Antifacção, considerado pela gestão Lula como a maior reformulação da política criminal brasileira desde a Lei de Organizações Criminosas, de 2013.

A proposta endurece penas, cria novos crimes, amplia ferramentas de investigação e estabelece novas regras para bloquear bens e desmontar estruturas financeiras de facções como PCC, Comando Vermelho e milícias armadas.

Apresentado em regime de urgência, o projeto deve ser analisado pela Câmara e pelo Senado em até 45 dias. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que dará prioridade à votação.

A medida foi apresentada após operações policiais de grande repercussão, como a ação no Rio de Janeiro na última semana, que resultou em mais de 100 mortes.

“Diferenças políticas não podem ser pretexto para que deixemos de avançar”, disse Lula ao anunciar o texto.

A Câmara deve votar o projeto até dezembro. Depois, a proposta seguirá para o Senado.

Crime de facção criminosa

O texto cria o crime específico de “facção criminosa”, com penas de 8 a 15 anos para integrantes ou colaboradores do grupo. Homicídios praticados em nome da facção passam a ser classificados como crimes hediondos, com penas de 12 a 30 anos e sem possibilidade de indulto, anistia ou fiança.

O projeto prevê aumento de pena em situações como uso de armamento pesado, participação de agentes públicos, envolvimento de menores ou atuação internacional.

Bloqueio de bens e combate ao financiamento

O PL também tem foco no enfraquecimento financeiro das facções. Ele autoriza:

  • bloqueio e confisco antecipado de bens e contas
  • intervenção judicial em empresas ligadas ao crime
  • suspensão de contratos com o poder público
  • destinação do patrimônio apreendido ao Fundo Nacional de Segurança Pública

Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a estratégia mira o “núcleo de poder” das facções: o dinheiro.

Tecnologia e novas ferramentas de investigação

A proposta amplia o uso de tecnologia e meios investigativos:

  • infiltração prolongada de agentes
  • criação de empresas de fachada para operações
  • acesso judicial a dados de geolocalização e comunicações
  • criação de um banco nacional com informações sobre facções

A Polícia Federal terá papel central na articulação com órgãos estaduais e autoridades internacionais.

Prevenção à infiltração no poder público

Servidores suspeitos de ligação com facções poderão ser afastados preventivamente. Condenados ficam proibidos de assumir cargos públicos e firmar contratos com o Estado por até 14 anos.

Medidas nos presídios

Para tentar cortar a comunicação entre líderes presos e integrantes em liberdade, o projeto prevê:

  • gravação de encontros monitorados, mediante autorização judicial
  • transferência imediata de presos em casos de risco à ordem
  • reforço a unidades de segurança máxima

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