A perícia médica realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é portador de hérnia inguinal bilateral e necessita de cirurgia para tratamento do quadro. O laudo foi elaborado por uma junta médica pericial e encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da execução penal do ex-presidente.
Segundo o documento, a cirurgia indicada é de caráter eletivo, sem urgência ou emergência imediata.
“Diante do exposto, essa Junta Médica pericial conclui que o periciado Jair Messias Bolsonaro é portador de hérnia inguinal bilateral que necessita reparo cirúrgico em caráter eletivo”, diz o resultado da perícia.
Piora progressiva do quadro
O laudo aponta que houve “piora progressiva” do quadro de hérnia de Bolsonaro, possivelmente relacionada ao aumento da pressão intra-abdominal causado por crises frequentes de soluço e tosse crônica.
“Houve piora progressiva do quadro de hérnia, provavelmente causado pelo aumento da pressão intraabdominal decorrente dos soluços e da tosse crônica”, registra o documento.
Os peritos detalham a evolução clínica do ex-presidente ao longo de 2025:
“Em 16/08/2025, o exame tomográfico do abdome não havia detectado alterações herniárias na parede abdominal. Em 07/11/2025 foi descrito em relatório o quadro de hérnia inguinal unilateral, realizado clinicamente, e que se manteve no relatório de 09/12/2025. A ultrassonografia de 14/12/2025 e o exame físico realizado por esses peritos signatários confirmaram o diagnóstico de hérnia inguinal bilateral”, afirma o laudo.
Apesar do agravamento, os médicos reforçaram que não houve sinais de complicações graves associadas à hérnia.
“Não há descrição de encarceramento ou estrangulamento da(s) hérnia(s) em nenhum momento, inclusive até a realização da presente perícia”, diz o relatório.
Situação penal
Bolsonaro cumpre pena em uma sala de Estado-Maior na Superintendência da Polícia Federal. Os resultados da perícia médica foram enviados ao STF para análise no âmbito da execução penal.
Crises de soluço
Além da hérnia, a perícia analisou o quadro de soluços persistentes, relatado como uma das principais queixas de saúde do ex-presidente. Segundo os peritos, o bloqueio do nervo frênico é uma opção terapêutica adequada e deve ser realizado o quanto antes.
“No tocante ao quadro de soluços, o bloqueio do nervo frênico é tecnicamente pertinente. Quanto à tempestividade do procedimento, esta Junta Médica entende que deve ser realizado o mais breve possível, haja vista a refratariedade aos tratamentos instituídos, a piora do sono e da alimentação, além de acelerar o risco das complicações do quadro herniário, em decorrência do aumento da pressão intra-abdominal”, afirma o documento.
De acordo com o relato médico, Bolsonaro informou que os soluços tornaram-se persistentes após a última cirurgia abdominal, realizada em abril de 2025.
“Diante do relato de falha na terapêutica medicamentosa e nas medidas clínicas e comportamentais usuais, o bloqueio do nervo frênico guiado por ultrassom dos ramos eferentes – conforme proposto pela equipe médica assistente – faz parte do arsenal terapêutico descrito na literatura para o tratamento de soluços persistentes pós-operatórios, como é o caso do periciado”, escreveram os peritos.
Exame de imagem confirmou diagnóstico
No dia 14 de dezembro, um médico realizou uma ultrassonografia que confirmou a presença de hérnias inguinais bilaterais.
A hérnia ocorre quando um tecido se projeta para fora de sua posição normal por meio de uma abertura ou ponto fraco na musculatura.
A defesa de Bolsonaro afirmou ao STF que houve agravamento comprovado do estado de saúde do ex-presidente.
“O estado de saúde do sentenciado é grave, complexo e progressivamente debilitado. Ocorre que, desde a última manifestação da defesa, houve evolução objetiva e comprovada do quadro clínico, agora amparada por exame de imagem realizado recentemente e por novo relatório médico conclusivo, que impõem atuação imediata”, afirmou a defesa.
Segundo relatório médico encaminhado ao Supremo:
“Os sintomas de dor e desconforto na região inguinal se acentuaram em virtude das frequentes crises de soluço, que causam aumento intermitente da pressão abdominal”.
Lesões na pele
Em setembro de 2025, enquanto ainda cumpria prisão domiciliar, Bolsonaro passou por um procedimento cirúrgico para retirada de lesões na pele. O material foi submetido a biópsia, que identificou carcinoma de células escamosas em duas das oito manchas removidas.
O carcinoma de células escamosas é um tipo comum de câncer de pele, originado na camada mais externa da epiderme, geralmente associado à exposição prolongada ao sol.
De acordo com o laudo, o câncer estava restrito à camada superficial da pele e não havia se espalhado para tecidos mais profundos ou outras partes do corpo. A equipe médica informou que não há necessidade de novos procedimentos cirúrgicos, mas que Bolsonaro deverá ser acompanhado periodicamente.
*Com informações do G1
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