O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (27) que está otimista em relação à suspensão das tarifas impostas ao Brasil pelos Estados Unidos e que, em breve, os dois países deverão chegar a um entendimento.
“Tive ontem na reunião [com o presidente Donald Trump] uma boa impressão de que logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil”, disse Lula, durante coletiva de imprensa em Kuala Lumpur, na Malásia, às 11h, no horário local (meia-noite no Brasil).
“Estou convencido de que, em poucos dias, teremos uma solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil para que a vida siga boa e alegre do jeito que dizia o Gonzaguinha na sua música”, acrescentou.
O presidente afirmou que, no encontro, reforçou o argumento de que os Estados Unidos registram superávit no comércio com o Brasil, e que, portanto, não há necessidade de manter a taxação sobre produtos brasileiros. Lula disse ter entregue um documento com os temas prioritários das negociações.
“Eu não estou reivindicando nada que não seja justo para o Brasil e tenho do meu lado a verdade mais verdadeira e absoluta do mundo, os Estados Unidos não têm déficit com o Brasil, que foi a explicação da famosa taxação ao mundo, que os Estados Unidos só iam taxar os países com quem eles tinham déficit comercial”, afirmou.
Questionado por jornalistas se Trump fez alguma promessa, Lula respondeu:
“Para mim, o que ele tem que fazer é compromisso. E o compromisso que ele fez é que ele pretende fazer um acordo de muito boa qualidade com o Brasil.”
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que participou da coletiva, disse que as equipes dos dois países devem realizar reuniões nas próximas semanas para avançar nas negociações.
“Concordamos em trabalhar para construir um acordo satisfatório para ambas as partes. Nas próximas semanas, acordamos um cronograma de reuniões entre as equipes negociadoras para tratar das negociações de ambos os países com foco nos setores mais afetados pelas tarifas”, afirmou o chanceler.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, também destacou o andamento das conversas.
“O Brasil solicita que haja reversão da decisão política tomada [relativa à taxação]. Os aspectos políticos que poderiam existir já não estão mais, não está mais na mesa aquilo que nunca poderia ter estado mesmo. Graças a essa posição, nós hoje fazemos uma discussão de um acordo comercial e não com outras naturezas que não sejam comerciais”, declarou.
Apoio à Venezuela e convite para COP30
Lula afirmou que se colocou à disposição para colaborar nas negociações envolvendo a Venezuela.
“Isso ficou muito claro, se precisar que o Brasil ajude, estamos à disposição, estamos à disposição para negociar”, disse.
“O Brasil não tem interesse que haja uma guerra na América do Sul. A nossa guerra é contra a pobreza e a fome. Se a gente não conseguir resolver o problema da fome e da miséria, como a gente vai fazer guerra? Para matar os famintos? Não dá para achar que tudo é resolvido à base da bala, que não é”, completou.
O presidente disse ainda que reforçou o convite para que Donald Trump participe da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém.
“Convidei ele para ir a COP outra vez, disse para ele: ‘É importante que você vá para dizer o que você pensa. Se você não acredita nas coisas, vai lá para você poder dizer o que você pensa’. Não pode a gente fingir que não tem uma situação climática”, afirmou.
Relações com Ásia e Brics
Durante a coletiva, a equipe brasileira também destacou a importância das visitas à Indonésia e à Malásia, com foco em ampliar as relações comerciais.
“O Sudeste Asiático é o epicentro do crescimento global, zona dinâmica e polo de inovação tecnológica que está no centro das prioridades da política externa brasileira de diversificação de parcerias e atração de investimentos”, afirmou Mauro Vieira.
Lula também declarou que o Brasil apoiará a Malásia na candidatura para se tornar membro pleno do Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Ao final, o presidente, que completou 80 anos nesta segunda-feira, disse:
“Eu nunca me senti tão vivo e com tanta vontade de viver.”
*Informações de Agência Brasil
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