Líderes políticos costumam ter uma visão distorcida de si mesmos, o que dificulta o surgimento de novas lideranças. Esse é exatamente o problema que o Brasil enfrenta hoje, avalia o diretor-geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso, Sergio Fausto.
Em entrevista à Coluna do Estadão, o cientista político ressalta que a dificuldade do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em se desapegar do poder representa um obstáculo à renovação política no País.
“Qual é a discussão que um líder político mais detesta? É a discussão sobre a sua sucessão. Líderes políticos têm uma distorção do ego. A ideia de que serão substituídos é um enorme problema”, diz Fausto.
“Para a grande maioria dos líderes políticos, a política é tudo. Sair da política é uma morte existencial. O sujeito resiste. É preciso mexer nas regras de permanência no poder, de tal maneira que se force uma rotação maior”.
Para o diretor-geral da Fundação FHC, apenas a partir das eleições gerais de 2030 – quando tanto Lula quanto Bolsonaro provavelmente não disputarão a Presidência – o Brasil começará a vislumbrar novas lideranças nacionais.
Isso, no entanto, não significa que ambos deixarão de exercer influência sobre o processo eleitoral.
“Os personagens desaparecem, mas a divisão política que se cristalizou na sociedade pode perdurar”, afirma.
Essa nova liderança precisará ter habilidade de comunicação, especialmente nas redes sociais, o que, na visão de Fausto, exige autenticidade. Para ele, o eleitor quer se identificar com o candidato. Também é fundamental saber dialogar com públicos diversos. “Não dá para falar só com uma bolha. O candidato precisa ter uma âncora firme num campo, mas saber transitar por outras áreas do eleitorado”.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista no site do Estadão. A íntegra estará disponível a partir da próxima quarta-feira, 16, no vodcast Dois Pontos, no canal do YouTube do Estadão.
*Com informações do Estadão
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