O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em áudio enviado ao pastor Silas Malafaia, que não há possibilidade de o Brasil negociar com os Estados Unidos sobre o tarifaço imposto ao país sem a aprovação da anistia. A mensagem, datada de 13 de julho, foi incluída no relatório da Polícia Federal (PF) que indiciou Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no inquérito por suposta “trama golpista”.
“Malafaia, o que eu mais tenho feito é conversar com pessoas mais acertadas. Se não começar votando a anistia, não tem negociação sobre tarifa”, disse Bolsonaro no áudio obtido pela PF.
Relação com os EUA e pressão por anistia
No diálogo, Bolsonaro faz referência às tentativas de governadores, como Tarcísio de Freitas (SP), de buscar negociação com a Embaixada dos EUA. O ex-presidente descartou que a iniciativa tivesse efeito.
“Não adianta um ou outro governador querer ir pros Estados Unidos, ir pra embaixada, tentar sensibilizar. Não vai. Da minha parte, é por aí. Resolveu a anistia, resolveu tudo. Não resolveu? Já era”, afirmou Bolsonaro.
O áudio é uma resposta a mensagens enviadas por Malafaia, que, segundo a PF, dava “orientações” a Bolsonaro sobre como reagir após a carta do ex-presidente Donald Trump que impôs tarifas de 50% sobre o Brasil em 9 de julho.
Malafaia orienta discurso de Bolsonaro
De acordo com a investigação, Malafaia sugeriu que Bolsonaro assumisse publicamente a narrativa de que a única saída para suspender as sanções seria a aprovação de uma anistia ampla. O pastor também recomendou que o ex-presidente associasse a pauta a “justiça e liberdade”, e não à economia.
“Você pode colocar, sim, e deve: ‘Olha, minha gente, a questão da tarifa de Donald Trump não tem a ver com a economia. Tem a ver com liberdade e justiça. Eu não quero ver retaliações sobre ministros do STF e suas famílias. É só resolver a questão da anistia que isso acaba’”, disse Malafaia em áudio citado pela PF.
Ainda segundo o relatório, o pastor afirmou manter contato com pessoas próximas de Trump e cobrou de Bolsonaro uma declaração pública. Ele teria orientado que ataques diretos ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes fossem evitados, mas que a pressão deveria ser mantida em torno da anistia como contrapartida.
Investigação
A PF concluiu que os áudios reforçam a acusação de que Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Silas Malafaia atuaram em articulações para influenciar a política externa dos Estados Unidos e coagir autoridades brasileiras.
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