Nicolás Maduro pediu apoio ao povo brasileiro nesta quinta-feira (4) durante um programa de televisão transmitido ao vivo pela emissora estatal venezuelana. Em meio à escalada de tensões com o governo de Donald Trump, o ditador exibiu um boné do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e conclamou os brasileiros a realizarem manifestações públicas de solidariedade ao regime chavista.
Com o boné vermelho nas mãos, Maduro afirmou:
“A vitória nos pertence. Viva a unidade do povo do Brasil, viva a unidade com o povo venezuelano.”
Na sequência, intensificou o apelo:
“Povo do Brasil, saiam às ruas para apoiar a Venezuela em sua luta pela paz e soberania. Temos o direito à paz com soberania. Viva o Brasil.”
A fala ocorre em um momento de forte pressão internacional sobre Caracas e de crescente presença militar dos Estados Unidos nas águas do Caribe e do Pacífico.
Tensão cresce com ofensiva americana e mortes no Pacífico
Poucas horas antes do pronunciamento de Maduro, autoridades americanas confirmaram que um novo ataque de forças dos EUA contra uma lancha no oceano Pacífico deixou quatro mortos, elevando para 87 o número de vítimas decorrentes da operação militar na região.
Sob o governo Trump, os EUA realizam a maior mobilização bélica na América Latina em décadas, descrita oficialmente como parte de uma “guerra às drogas”. No entanto, aliados de linha dura do presidente, como o secretário de Estado, Marco Rubio, defendem uma intervenção com o objetivo explícito de retirar Maduro do poder.
A operação americana inclui o deslocamento de navios de guerra, entre eles o porta-aviões USS Gerald Ford, o maior do mundo. Estrategistas do governo Trump afirmam que ataques aéreos contra alvos em solo venezuelano estão sendo avaliados —uma ação que equivaleria, na prática, a uma declaração de guerra.
Maduro confirma conversa com Trump: “Tom cordial”
Nesta semana, Maduro confirmou ter conversado por telefone com Donald Trump no último dia 23 de novembro. A ligação, inicialmente vazada pela imprensa americana, foi posteriormente confirmada pela Casa Branca.
Segundo o ditador, o diálogo foi respeitoso:
“Posso dizer que foi um diálogo cordial entre o presidente dos EUA e o presidente da Venezuela.”
Maduro também indicou disposição para eventual negociação:
“Se estamos dando passos rumo a um diálogo respeitoso, que seja bem-vindo. Buscamos sempre a paz.”
Nos bastidores, contudo, setores do governo americano tentam dissuadir Trump de qualquer aproximação diplomática. Rubio, principal voz nesse grupo, defende que Washington abandone qualquer tentativa de negociação e autorize o uso direto da força militar.
Por outro lado, interlocutores próximos ao presidente avaliam a possibilidade, relatada por veículos americanos, de que Maduro teria oferecido participação mais ampla dos EUA na indústria de petróleo venezuelana em troca de permanecer no poder.
Contexto regional
O apelo de Maduro ao público brasileiro se soma à estratégia de buscar apoio internacional fora dos tradicionais aliados regionais, num momento em que seu governo enfrenta pressão simultânea dos EUA e crescente isolamento diplomático.
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