A menos de três meses da COP30, apenas 47 dos 196 países que integram a Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) confirmaram hospedagem para suas delegações em Belém. Ou seja, até agora, apenas 24% das delegações esperadas têm estadia garantida.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (22) pela Casa Civil, em meio à pressão internacional sobre os altos preços da rede hoteleira na capital paraense.
Segundo a secretaria-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, e o secretário-extraordinário para a COP30, Valter Correia, uma força-tarefa do governo está ligando diretamente para cada país a fim de ajudar a fechar reservas.
Há quartos reservados especialmente para nações em desenvolvimento, com diárias entre US$ 100 e US$ 200, destinados a até 15 negociadores.
Hospedagem mapeada
De acordo com Correia, o Brasil já mapeou mais de 33 mil quartos, equivalentes a 53 mil leitos, número bem acima dos 24 mil quartos solicitados pela ONU como suficientes para o evento.
No entanto, os preços elevados continuam sendo um obstáculo para maior adesão das delegações, segundo o secretário-extraordinário para a COP30, Valter Correia.
“O problema é trazer os preços a patamares compatíveis com o poder aquisitivo dos países. Muitos esperam quartos individuais a US$ 100, muito próximos ao local da conferência, o que não é viável”, disse.
Críticas e investigações
O aumento exagerado nas tarifas levou a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) a abrir investigações por suspeita de “crime contra a economia popular”.
A pasta já solicitou informações a hotéis e plataformas de hospedagem e promete aplicar sanções em casos de abusos.
É comum que os preços subam durante conferências do clima da ONU, mas, em Belém, o valor chegou a ser até dez vezes maior em relação à média local.
Risco de exclusão
Enquanto os países membros da UNFCCC avançam na busca por hospedagem, a situação ainda é incerta para representantes da sociedade civil, da academia, de comunidades tradicionais e de outros setores.
A coalizão de ONGs Observatório do Clima alerta para o risco de a COP30 se tornar a “mais excludente da história”, caso não haja soluções para acomodar esses grupos a preços acessíveis.
Expectativa
O governo brasileiro insiste que a COP30 não será transferida de Belém e trabalha para convencer os países de que as condições estão garantidas.
“Temos quartos suficientes e soluções em andamento, mas será necessário que todos colaborem, inclusive saindo de suas zonas de conforto”, afirmou Correia.
*Com informações do Jornal O Globo
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