Nesta quinta-feira (1º), 25 países enviaram carta ao governo brasileiro e à ONU pedindo melhores condições de hospedagem e infraestrutura para a COP30 em Belém. Os signatários sugerem realocar parte do evento se os problemas não forem resolvidos.
Segundo apuração da Folha de S.Paulo, a carta foi assinada por representantes de países como Áustria, Bélgica, Canadá, Finlândia, Holanda, Noruega, Suécia e Suíça, além de grupos como o Grupo de Negociadores Africanos e os Países Menos Desenvolvidos (LDC, na sigla em inglês).
O documento reconhece os esforços do governo Lula e da organização da conferência, mas expressa preocupações com a infraestrutura de Belém.
“Se a COP inteira for mesmo acontecer em Belém, essas condições precisam ser garantidas”, diz o texto.
Entre os principais pontos citados estão hospedagem, transporte e segurança.
“[Ter condições de participar] significa ser possível viajar para Belém, ficar em acomodações adequadas e acessíveis, e ir ao pavilhão e voltar de forma segura e eficiente em termos de tempo, inclusive tarde da noite”, afirmam os países na carta.
A presidência da COP30, na figura do diplomata André Corrêa do Lago, confirmou os pedidos de mudança. “Acredito que talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que eles estão provocando”, disse ele à Folha.
A organização da COP lançou recentemente uma plataforma de hospedagem com diárias limitadas a US$ 220 (R$ 1.225) para países em desenvolvimento.
Delegações menos desenvolvidas terão direito a até 15 quartos por US$ 200 e as demais, a 10 quartos por até US$ 600, totalizando 2.500 acomodações.
Negociadores afirmam, porém, que o valor ainda ultrapassa o limite ideal.
“Neste momento, acomodar todos os participantes é a preocupação principal”, diz o documento. Os países também criticam a possibilidade de dividir quartos para reduzir custos.
A Conferência do Clima da ONU está prevista para novembro, com cerca de 50 mil participantes. O evento será realizado no Parque da Cidade, em Belém.
Desde o anúncio da sede, houve alta nos preços da rede hoteleira local. O governo estuda alternativas como navios cruzeiro, escolas, casas populares e aluguel por temporada para contornar o déficit.
Na última terça-feira (29), uma reunião de emergência da UNFCCC tratou do tema. Segundo a agência Reuters, o Brasil tem até o dia 11 de agosto para responder às demandas.
Negociadores afirmam que, se os problemas persistirem, parte do evento —como a cúpula de chefes de Estado— poderá ser transferida.
“O Brasil tem muitas opções para termos uma COP melhor, uma boa COP. Por isso estamos pressionando para que o Brasil forneça respostas melhores, em vez de nos dizer para limitar nossa delegação”, afirmou Richard Muyungi, presidente do Grupo de Negociadores Africanos, à Reuters.
Na carta, os países concluem:
“Se essas condições não forem atendidas para todos que precisam estar em nossas negociações multilaterais, não teremos chance de chegar a um resultado de sucesso”.
*Com informações da Folha de São Paulo e Agência Reuters
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