Dupla indígena do Amazonas conquista medalha de prata no Brasileiro de Tiro com Arco

Dupla indígena do Amazonas celebra medalha de prata no Campeonato Brasileiro de Tiro com Arco.
Graziela Yaci e Gustavo Santos, do povo Karapãna, conquistaram medalha de prata no Brasileiro de Tiro com Arco. (Foto: Divulgação)

Os irmãos Graziela Yaci Santos e Gustavo Santos, do povo Karapãna, conquistaram a medalha de prata na categoria Dupla Mista do 51º Campeonato Brasileiro Interclubes Adulto/Open de Tiro com Arco, realizado entre 23 e 27 de setembro em Maricá (RJ). A dupla representou o Amazonas entre mais de 240 atletas de 21 estados, reforçando a presença indígena no cenário esportivo nacional.

Além do segundo lugar no pódio, os dois também se destacaram em outras disputas. No Classificatório Geral, terminaram em terceiro lugar, enquanto Gustavo alcançou a quinta colocação nos combates individuais.

Os resultados consolidam o desempenho consistente dos arqueiros e mantêm o Amazonas entre os principais destaques da modalidade no país.

Pioneirismo e inspiração

Graziela Yaci tem uma trajetória marcada por pioneirismo. Primeira mulher indígena a integrar a seleção brasileira de tiro com arco, ela já conquistou medalha de ouro nos Jogos Sul-Americanos, tanto no individual quanto por equipes. Após a conquista mais recente, comemorou:

“Já fazia quatro anos que não chegávamos a uma final de ouro em dupla mista. Ficamos muito felizes em trazer essa medalha para casa, para o Amazonas, representando nosso povo e nossa floresta”.

O irmão Gustavo também ressaltou o simbolismo da conquista.

“Essa medalha é fruto de muito treino e esforço. Representar o Amazonas em uma competição desse porte é um orgulho imenso. Nosso objetivo é seguir evoluindo e abrir portas para que mais jovens indígenas se inspirem na arquearia”, disse o atleta.

Origem e trajetória

Natural da comunidade Kuanã, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista, na zona rural de Manaus, Graziela começou no esporte em 2013 por meio do projeto Arquearia Indígena, da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em parceria com a Federação Amazonense de Tiro com Arco (Fatarco).

A atleta destaca que a iniciativa mudou sua vida, permitindo não apenas vitórias esportivas, mas também a conclusão da graduação em Ciências Contábeis.

“Meu maior sonho agora é chegar às Olimpíadas e mostrar que os povos indígenas podem estar em qualquer lugar, inclusive no maior palco esportivo do mundo”, afirmou.

Esporte e representatividade

O projeto Arquearia Indígena completou 12 anos de existência em 2025, promovendo a modalidade como ferramenta de inclusão, resgate cultural e fortalecimento da identidade indígena. Nesse período, atletas da Amazônia já conquistaram mais de 50 medalhas em competições nacionais e internacionais.

Para Rosa dos Anjos, supervisora da iniciativa, a conquista dos irmãos representa mais do que resultados esportivos:

“Ver Graziela e Gustavo no pódio é motivo de orgulho e inspiração, pois eles se tornam espelho para inúmeros jovens indígenas que sonham em trilhar seus próprios caminhos, dentro e fora do esporte. Investir no talento desses jovens é acreditar em um futuro mais justo, diverso e com a Amazônia protagonista”, destacou.

Sobre a FAS

A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua há 17 anos pelo desenvolvimento sustentável da região. A instituição tem como missão conciliar conservação ambiental, valorização da floresta em pé e melhoria da qualidade de vida das populações amazônicas.

Entre os resultados alcançados, estão o aumento de 202% na renda média das famílias atendidas e a redução de 39% no desmatamento nas áreas em que atua.

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