O Censo 2022 revelou um retrato desigual do mercado de trabalho e da renda no Brasil. De acordo com o levantamento do IBGE, 9,3% dos municípios do país registravam, em 2022, rendimento médio do trabalho inferior a um salário mínimo.
A pesquisa também mostra que 35,3% dos trabalhadores brasileiros ganhavam até R$ 1.212 por mês, enquanto apenas 7,6% recebiam acima de cinco salários mínimos.
No extremo oposto, apenas 19 municípios apresentavam rendimento médio superior a R$ 4.848, o equivalente a mais de quatro salários mínimos.
Amazonas tem segundo menor rendimento per capita do país
Entre as Unidades da Federação, o Amazonas aparece com rendimento mensal domiciliar per capita de R$ 980, o segundo menor do Brasil, atrás apenas do Maranhão (R$ 900).
O estado também ficou abaixo do Pará (R$ 994), que completa o grupo com os piores indicadores.
O levantamento mostra ainda que os municípios com os menores valores médios estão concentrados no Norte e Nordeste, enquanto os maiores se concentram no Sul e Sudeste.
Em nível nacional, o rendimento domiciliar per capita foi de R$ 1.638, com destaque para Nova Lima (MG), São Caetano do Sul (SP) e Florianópolis (SC), que lideram o ranking.
Mais de 28% dos amazonenses vivem com até ¼ do salário mínimo
Outro dado preocupante do Censo é o número de brasileiros que sobrevivem com renda muito baixa. No Amazonas, 28,4% da população tinha rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, o que representa um dos índices mais altos do país.
O estado aparece atrás apenas do Maranhão (26,6%) e de Roraima (25,5%) no Norte. A média nacional foi de 13,3%, com percentuais mais elevados concentrados nas regiões Norte (23,3%) e Nordeste (22,4%), e bem menores no Sul (5,4%) e Sudeste (9,1%).
Desigualdade regional e de gênero
A desigualdade também se reflete em outros recortes. O rendimento médio mensal dos homens (R$ 3.115) superou o das mulheres (R$ 2.506) em 24,3%, e a diferença se mantém em todos os níveis de escolaridade.
Por raça e cor, as populações amarela (R$ 5.942) e branca (R$ 3.659) têm rendimentos acima da média nacional (R$ 2.851), enquanto pardos (R$ 2.186), pretos (R$ 2.061) e indígenas (R$ 1.683) continuam com os menores valores.
Trabalhadores com ensino superior ganham o triplo dos sem ensino fundamental
A escolaridade é outro fator determinante. Em 2022, trabalhadores com ensino superior completo recebiam, em média, R$ 7.347 (homens) e R$ 4.591 (mulheres), uma diferença de quase 60%.
Já entre os que não concluíram o ensino fundamental, o rendimento médio não passava de R$ 1.200.
O Censo também mostra que as mulheres têm maior escolaridade média, mas ainda ganham menos que os homens em todos os níveis.
Trabalho feminino ainda se concentra em setores de cuidado
As atividades com maior participação feminina continuam sendo as mesmas de décadas anteriores: serviços domésticos (93,1%), saúde humana e serviços sociais (77,1%) e educação (75,3%).
Já as com menor presença de mulheres são construção (3,6%), transporte e armazenagem (9,3%) e indústrias extrativas (14,4%).
O estudo destaca que as mulheres, mesmo com maior escolaridade, permanecem concentradas em setores com salários mais baixos.
Desigualdade estrutural persiste
Os dados reforçam a persistência da desigualdade de renda no Brasil, tanto regional quanto de gênero e raça.
Segundo o IBGE, 75,5% da renda domiciliar total do país vem do trabalho, e o restante de aposentadorias, pensões, programas sociais e outras fontes.
A pesquisa também mediu o índice de Gini, indicador usado para calcular a desigualdade de renda, e concluiu que o país ainda apresenta forte concentração de riqueza nas regiões mais desenvolvidas.
Sobre o levantamento
Os dados integram o módulo Trabalho e Rendimento do Censo 2022, que analisou o nível de ocupação, o rendimento de todos os trabalhos e o rendimento domiciliar per capita da população brasileira.
As informações foram coletadas por meio da Amostra do Censo, com 7,8 milhões de entrevistas em todo o país.
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