Comitiva do Icomos visitou Manaus em setembro para analisar candidatura dos Teatros da Amazônia
Manaus recebeu, entre os dias 8 e 10 de setembro, a visita técnica de representantes do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), entidade associada à Unesco, para avaliar a candidatura do Teatro Amazonas ao título de Patrimônio Mundial Cultural. O processo integra o projeto “Teatros da Amazônia”, em parceria com o Theatro da Paz, em Belém (PA).
Visita técnica em Manaus
A comitiva percorreu o Teatro Amazonas, incluindo áreas técnicas e bastidores, além de espaços como o Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, o entorno do Largo de São Sebastião e a Central Técnica de Produção.
Também participou de encontros com corpos artísticos, equipes técnicas, comerciantes, moradores do centro histórico, profissionais da economia criativa e estudantes.
Foram avaliados aspectos como protagonismo na paisagem urbana, arquitetura, uso dos espaços, gestão, sustentabilidade, acessibilidade, segurança e atividades culturais e econômicas.
Importância cultural
Segundo o secretário de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, Caio André, a candidatura reforça o valor histórico e simbólico dos teatros.
“Não há separação entre a cultura da Amazônia e a cultura da humanidade. Esses teatros amazônicos têm um valor que vai além da estética: eles representam resistência, pertencimento e continuidade. (…) E ver isso reconhecido pelo mundo é ver que o que é nosso também tem valor universal”, afirmou.
A diretora do Teatro Amazonas, Beth Cantanhede, destacou a ligação da população com o espaço.
“O Teatro Amazonas faz parte da nossa vida. Ele é parte da nossa identidade, é por isso que estamos tão engajados nessa candidatura, para mostrar ao mundo o quanto esse teatro é excepcional, o quanto ele é universal, e o quanto ele representa a grandiosidade da cultura amazônica”.
A diretora do Balé Folclórico do Amazonas, Monique Andrade, ressaltou que a consolidação dos corpos artísticos fortaleceu a cena cultural.
“A partir da consolidação desses corpos artísticos, foi possível perceber o quanto a cidade cresceu culturalmente. Houve um desenvolvimento visível, não apenas nas produções institucionais, mas também no fortalecimento das produções independentes, com grupos autônomos de dança, música, teatro, entre outros”.
O maestro e diretor do Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, Davi Nunes, lembrou do impacto da revitalização cultural no estado.
“Tínhamos o Teatro Amazonas como um grande emblema, um símbolo importante, quase um sonho distante. Para nós, que éramos daqui, tocar um dia no palco do Teatro Amazonas era um objetivo quase inalcançável. Mas com o passar do tempo, com todo o processo histórico de revitalização do teatro e da cena cultural, novas possibilidades começaram a surgir”.
A biodesigner Rita Prosi contou que se inspirou na cúpula do prédio para criar biojoias e bioacessórios.
“Um dia, observando a cúpula do Teatro, pensei: ‘Quero fazer um desenho que lembre essa cúpula. Que a pessoa olhe e imediatamente se lembre do Teatro’. O mais importante para mim é isso: fazer com que o mundo conheça a Amazônia através dos nossos produtos, da nossa arte. O turista que vem até aqui quer levar um pedacinho da Amazônia. E o nosso trabalho permite que isso aconteça com beleza, com respeito e com verdade”.
Já o empresário Mario Valle avaliou que o reconhecimento pode ampliar a relação do público local com o espaço.
“Conseguir esse reconhecimento mundial será muito importante, especialmente para o manauara. Acredito que esse reconhecimento internacional pode provocar justamente isso: uma revisitação do manauara ao seu próprio teatro, ao seu próprio centro, à sua própria história”.
Próximos passos
Encerrada a etapa de avaliação, a candidatura dos Teatros da Amazônia segue para análise da Unesco. O Brasil será representado na 48ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, marcada para julho de 2026.
Caso seja aprovado, o Teatro Amazonas e o Theatro da Paz poderão integrar a lista de Patrimônio Mundial da Humanidade.
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