Iniciativa foi motivada pelo aumento de casos no Brasil; até agora, estado não registrou ocorrências em 2025
O Ministério Público do Amazonas (MPAM) realizou, nesta quarta-feira (1º), uma reunião extraordinária com órgãos estaduais e municipais para discutir ações de prevenção contra a intoxicação por metanol.
A iniciativa ocorre em meio ao aumento de notificações no país envolvendo bebidas alcoólicas adulteradas com a substância.
De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), até o momento não há registros de casos ou óbitos no estado.
Já no Brasil, 43 notificações foram registradas até esta quarta-feira (1º), segundo o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional).
Medidas discutidas
Durante o encontro, o MPAM informou que vai elaborar uma recomendação conjunta com promotorias de saúde e defesa do consumidor, exigindo intensificação da fiscalização e ações educativas.
A diretora da Vigilância Sanitária Municipal (Visa Manaus), Maria do Carmo Leão, ressaltou que a atuação preventiva reduz a pressão sobre hospitais.
“Se a vigilância sanitária é atuante, evita o congestionamento de problemas de saúde nos hospitais”, disse.
O gerente de vigilância de alimentos, Ricardo Celestino, afirmou que inspeções em bares, restaurantes e adegas serão ampliadas.
Já Helton Ruiz, representante da FVS-RCP, explicou que um ofício foi enviado às vigilâncias municipais reforçando a necessidade de inspeções. Ele informou ainda que uma nota técnica com orientações sobre o tema está em elaboração.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM) também participou. A secretária executiva adjunta de assistência, Mônica Mello, disse que a prioridade é atuar na causa do problema.
“Já solicitei à Central de Medicamentos do Amazonas (Cema) o orçamento para adquirirmos o antídoto, que é o etanol”, afirmou.
Orientações ao consumidor
O Procon-AM e o Procon Manaus destacaram a importância de informar a população sobre os riscos.
Danielma Coelho, chefe de fiscalização do Procon Manaus, afirmou que será lançada uma campanha nas redes sociais com orientações.
“É importante que os consumidores estejam mais atentos”, disse.
Raquel Lima, do departamento jurídico do Procon-AM, acrescentou que o trabalho será reforçado em parceria com o Estado e o MPAM.
Por que o metanol é perigoso?
O metanol é um álcool incolor e inflamável, usado em produtos industriais e domésticos, como solventes, combustíveis e líquidos de limpeza.
Embora tenha cheiro semelhante ao etanol (álcool presente em bebidas), sua estrutura química diferente faz com que seja altamente tóxico ao organismo humano.
Segundo o infectologista Igor Mochiutti, os sintomas graves surgem quando o fígado converte a substância em compostos tóxicos, como o ácido fórmico.
“O metanol em si não é tão tóxico quanto seus metabólitos. A pessoa pode se sentir como numa embriaguez comum e até achar que melhorou. Mas, à medida que o fígado converte a substância, começam a se acumular os compostos tóxicos. É nesse momento que surgem os sintomas graves, como alterações visuais e confusão mental”, explicou.
Entre os sinais de intoxicação estão dor de cabeça, náuseas, vômitos, dor abdominal, visão turva e confusão mental, que podem evoluir para cegueira, coma ou morte.
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