Ao menos 12,6 mil pessoas morreram nos últimos 20 anos em decorrência de intoxicação por metanol, segundo levantamento do Médicos Sem Fronteiras (MSF). O monitoramento mostra que os casos, geralmente ligados ao consumo de bebidas adulteradas, continuam ocorrendo em diferentes regiões do mundo.
O que é o metanol e por que é perigoso
Diferente do etanol, o álcool presente em bebidas, o metanol é um composto químico usado na indústria como solvente, combustível e anticongelante.
Quando ingerido, ele se transforma em formaldeído e, em seguida, em ácido fórmico, substância altamente tóxica que pode causar cegueira, danos neurológicos, coma e morte.
Estudos da Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia indicam que os sintomas aparecem entre 12 e 24 horas após a ingestão, variando de dor de cabeça, náuseas e vômitos até confusão mental e perda súbita da visão.
Apenas 10 ml são suficientes para provocar cegueira, enquanto 30 ml podem ser letais para um adulto.
Casos no Brasil
O levantamento cita o surto registrado na Bahia em 1999, quando 450 pessoas foram intoxicadas após consumir cachaça clandestina contaminada. O episódio deixou 35 mortos em dez cidades.
Mais recentemente, desde junho deste ano, seis casos foram confirmados em São Paulo, com três mortes relacionadas a bebidas adulteradas.
A situação levou autoridades estaduais a intensificar a fiscalização em bares e adegas suspeitas.
Panorama global
Segundo o MSF, desde 1998 foram identificados 40,1 mil casos de intoxicação e 14,3 mil mortes. Só em 2025, 364 pessoas já perderam a vida.
A Ásia concentra o maior número de episódios, com destaque para Indonésia, Índia, Camboja, Vietnã e Filipinas.
A Indonésia lidera em surtos, com 334 registros desde 1998. As principais fontes são bebidas clandestinas locais, como a “miras oplosan” e o Arak, produzidas de forma ilegal e vendidas em lojas não regulamentadas.
O Irã, por outro lado, é o país com maior número de pessoas afetadas. Em 2020, uma fake news de que o álcool poderia proteger contra a Covid-19 levou 5.876 pessoas a ingerirem bebidas contaminadas; 800 morreram.
Mortalidade e desafios no combate
De acordo com o MSF, a taxa de mortalidade em surtos de metanol varia entre 20% e 40%.
O grupo alerta que muitas ocorrências sequer entram nas estatísticas, devido à dificuldade de diagnóstico e à falta de conscientização sobre os riscos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 21% do consumo global de álcool venha de fontes ilegais, o que amplia o risco de intoxicação.
Para os especialistas, ampliar campanhas de informação, fiscalização e acesso rápido a tratamento são medidas essenciais para reduzir os números.
*Com informações de O Globo
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