Usados em transportes, serviços e eventos, os cordões de identificação sinalizam necessidades de acessibilidade e orientam adaptações no atendimento. No Brasil, coexistem o girassol (deficiências ocultas, Lei 14.624/2023), o infinito colorido e o quebra-cabeça (autismo), o roxo (epilepsia) e outros modelos institucionais; o uso é voluntário e não substitui documentos.
Os cordões de identificação são usados para sinalizar, de forma discreta e não invasiva, que a pessoa pode precisar de tempo adicional, comunicação simplificada, ambiente menos sensorial ou algum apoio específico, sobretudo em deslocamentos, atendimentos, eventos e situações de emergência.
Eles são especialmente úteis para quem tem deficiências “ocultas” (como TEA, TDAH, epilepsia, deficiências auditivas/visuais parciais, deficiência intelectual, doenças crônicas, dor crônica, ansiedade ou demências iniciais), cujas necessidades não são visíveis à primeira vista.
Podem ser utilizados por qualquer pessoa com deficiência, visível ou não, ou condição de saúde que se beneficie dessa sinalização, incluindo crianças e idosos acompanhados.
Base legal e relação com outros documentos
No Brasil, a Lei 14.624/2023 reconhece o cordão com desenhos de girassol como símbolo nacional de identificação de pessoas com deficiências ocultas, estabelece que o uso é voluntário e deixa claro que ele não condiciona o exercício de direitos.
A Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015) e a Lei 10.048/2000 garantem acessibilidade e atendimento prioritário às pessoas com deficiência, independentemente do uso do cordão.
Documentos específicos, como a CIPTEA, carteiras municipais/estaduais, laudos e cartões do SUS, continuam sendo os meios formais de comprovação quando exigidos por políticas públicas ou benefícios; o cordão, por si só, não concede isenções, passe livre ou vagas, servindo principalmente para orientar o acolhimento e a adaptação razoável do atendimento.
Significados mais vistos (e o que é ou não padronizado)
- Girassol 🌻- único reconhecido em lei no Brasil para deficiências ocultas.
- Quebra-cabeça 🧩 – tradicionalmente associado ao autismo, mas parte da comunidade prefere o símbolo do infinito colorido (neurodiversidade). Não há padronização legal nacional.
- Roxo 🟪 – aparece em campanhas de epilepsia (ligação com o “Purple Day”), e às vezes para dor crônica/fibromialgia; sem padrão nacional.
- Desenhos coloridos 🎨 – usados por instituições para deficiência intelectual ou apoio cognitivo; varia por local.
Importante: fora o girassol, não existe código de cores obrigatório no Brasil. Para evitar confusão, acrescente um cartão junto ao cordão com informações objetivas (ver abaixo).
Como usar (boas práticas)
- Manter visível no pescoço, mochila ou bolsa.
- Anexar um cartão com: nome, contatos de emergência, alergias/medicamentos, condição/apoios preferidos (se desejar), orientações em crise (ex.: epilepsia), tipo sanguíneo e QR code para ficha resumida.
- Para crianças, incluir nome do(a) responsável, escola e telefone.
- Revisar periodicamente as informações e a legibilidade do cartão.
- Lembrar da privacidade: a pessoa não é obrigada a explicar diagnóstico. O cordão é um pedido de acolhimento, não de exposição.
Como as instituições devem agir
Roteiro rápido para equipes de frente (recepção, segurança, bilheteria, transporte, saúde, educação):
- Abordagem: “Posso ajudar? Qual a melhor forma de atendê-lo(a)?”
- Comunicação: frases curtas, contato visual, ritmo calmo; evitar ambientes ruidosos; oferecer fila/assento/guichê acessível quando houver.
- Tempo e previsibilidade: explicar o passo a passo do atendimento; permitir mais tempo para respostas.
- Apoios sensoriais: reduzir luz/ruído quando possível; oferecer sala de espera mais tranquila.
- Acompanhantes: permitir presença de responsável/intérprete/cuidador, conforme regras de segurança.
- Treinamento contínuo: incluir o tema em NR-17/acessibilidade, LBI e LGPD; simular atendimentos.
- Registro de incidentes: padronizar formulário para ocorrências (crises, fugas, desorientação).
Onde costuma valer na prática
- Transporte (metrô, ônibus, trens, aeroportos), equipamentos culturais (museus, teatros), escolas e universidades, estádios e eventos, órgãos públicos, unidades de saúde e comércio.
- O cordão não cria “superprioridade”; ele orienta o acolhimento e pode agilizar o acesso a adaptações razoáveis.
Privacidade e LGPD
- Evite impressões desnecessárias de diagnósticos completos.
- Compartilhe dados mínimos para o objetivo de proteção e atendimento.
- Em empresas e escolas, registre consentimento para portar cartões com informações pessoais e controle o acesso a essas informações.
Como obter
- Campanhas públicas e associações distribuem o cordão de girassol gratuitamente em algumas cidades.
- Farmácias, papelarias e e-commerce vendem versões diversas.
- Para estabelecimentos, é recomendável comprar lotes para oferecer a usuários que desejarem e treinar as equipes.
Mitos e verdades
- “O cordão garante prioridade automática.” ❌ Não. A prioridade decorre das leis de acessibilidade; o cordão sinaliza a necessidade, mas não é documento.
- “Só quem tem laudo pode usar.” ❌ Não. O uso é voluntário; o objetivo é reduzir barreiras, não burocratizar.
- “Qualquer cor tem o mesmo significado.” ❌ Não. Apenas o girassol tem reconhecimento legal nacional; os demais variam por instituição/contexto.
Passo a passo (pessoa/família)
- Decida quando o cordão ajudará (deslocamentos, consultas, eventos).
- Preencha o cartão com dados mínimos e ensine a família/criança a mostrar quando precisar.
- Combine palavras-chave para pedir pausa, água, banheiro, redução de estímulos.
- Tenha um plano de crise (epilepsia, ansiedade, desorientação).
- Revise periodicamente o estado do cordão e do QR code.
Modelo de cartão de emergência (sugestão)
Nome: ____________________
Contato 1: () – | Contato 2: () –
Apoios preferidos: comunicação simples • mais tempo • ambiente silencioso
Alergias/medicamentos: ____________________
Em crise: colocar em local calmo • avisar contato • seguir instruções no QR code
Espia mais:
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