Brasileiros com ensino superior ganham 148% a mais que quem tem só ensino médio

Chapéu de formatura com tassel laranja ao lado de diploma enrolado com laço vermelho.
No Brasil, diploma de ensino superior pode elevar salários em até 148%, segundo relatório da OCDE. (Foto: Shutterstock)

Ter um diploma de ensino superior no Brasil pode mais que dobrar o salário médio em comparação a quem concluiu apenas o ensino médio. A conclusão está no relatório Education at a Glance (EaG) 2025, divulgado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Segundo o estudo, brasileiros de 25 a 64 anos com ensino superior completo recebem, em média, 148% a mais do que quem tem só o ensino médio. A diferença é maior que a média dos países da OCDE, onde o ganho adicional é de 54%. O Brasil só fica atrás da Colômbia (150%) e da África do Sul (251%).

Avanços e limitações

Apesar do impacto positivo, o acesso ao diploma universitário ainda é restrito: apenas 20,5% dos brasileiros de 25 anos ou mais tinham ensino superior completo em 2024, conforme dados do IBGE. O índice é menos da metade da média dos países da OCDE.

Outro desafio é a evasão. Um quarto (25%) dos estudantes abandona o curso logo no primeiro ano, contra uma média de 13% na OCDE. Três anos após o prazo esperado de conclusão, apenas 49% dos ingressantes concluem a graduação – longe da média internacional de 70%.

Jovens fora da escola e do trabalho

O relatório alerta para o alto percentual de jovens que não estudam nem trabalham (os chamados NEETs). No Brasil, 24% dos jovens de 18 a 24 anos estavam nessa situação em 2024, acima da média da OCDE (14%). Entre as mulheres brasileiras, o índice chega a 29%, contra 19% entre os homens.

Diferenças de gênero e conclusão

As mulheres brasileiras têm taxas de conclusão mais altas que os homens: 53% contra 43%. Mesmo assim, o Brasil apresenta apenas 24% dos jovens de 25 a 34 anos com diploma universitário, enquanto a média da OCDE é de 49%.

Investimento em educação superior

O relatório também destaca os investimentos. A OCDE apontou gasto público de US$ 3.765 por aluno no Brasil, valor muito inferior à média dos países membros (US$ 15.102). Contudo, o Inep contestou o cálculo, afirmando que o gasto real é de US$ 15.619 por estudante das universidades públicas, acima da média da OCDE.

A divergência se deve ao método de cálculo: a OCDE dividiu o investimento público pelo total de estudantes (públicos e privados), enquanto o Inep considera apenas as universidades públicas, onde os recursos são efetivamente aplicados.

Desafios para o futuro

O secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, destacou que as baixas taxas de conclusão prejudicam o retorno do investimento público e limitam a formação de competências. Ele defendeu maior orientação profissional no ensino médio, programas mais flexíveis e medidas de apoio a alunos em risco de evasão.

Outro ponto preocupante é a qualidade do ensino superior. Uma pesquisa da OCDE revelou que 13% dos adultos com diploma universitário nos países analisados não atingiram sequer o nível básico de alfabetização, conseguindo compreender apenas textos simples.

No Brasil, o cenário evidencia tanto o valor do diploma para aumentar salários quanto os desafios para ampliar o acesso e a qualidade do ensino superior.

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