Analfabetismo cai no Brasil, mas Norte ainda enfrenta alta evasão escolar e déficit de creches

Alunos em sala de aula na região Norte do Brasil durante aula de geografia
Estudantes participam de aula em escola pública da região Norte; levantamento do IBGE mostra avanços educacionais, mas região ainda enfrenta evasão e déficit de creches. (Foto: Shutterstock)

O Brasil registrou avanços importantes nos indicadores educacionais em 2024, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais caiu para 5,3%, a menor da série histórica iniciada em 2016.

No entanto, o atraso escolar permanece elevado e o país ainda está abaixo de metas previstas no Plano Nacional de Educação (PNE).

Analfabetismo e desigualdades regionais

O Brasil tinha 9,1 milhões de pessoas analfabetas em 2024, redução de 197 mil em relação a 2023. O Nordeste concentrou 55,6% desse total (5,1 milhões), seguido pelo Sudeste (2,1 milhões).

No Norte, a taxa de analfabetismo continua elevada, sobretudo entre idosos e populações pretas ou pardas, acompanhando a tendência nacional de desigualdade.

Entre pessoas com 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo foi de 14,9%, contra 6,3% entre adultos de 25 anos ou mais. Entre mulheres, a taxa ficou em 5,0%, abaixo dos 5,6% entre homens. Já entre brancos, 3,1% eram analfabetos, contra 6,9% entre pretos e pardos.

Escolaridade média e educação básica

A proporção de pessoas com 25 anos ou mais que concluíram a educação básica obrigatória chegou a 56% em 2024, o maior patamar da série. O percentual entre mulheres foi superior ao dos homens (57,8% contra 54,0%). Entre brancos, 63,4% concluíram a etapa, enquanto entre pretos ou pardos o índice foi de 50%.

A escolaridade média nacional subiu para 10,1 anos em 2024. Mulheres registraram 10,3 anos, contra 9,9 anos entre homens. Pessoas brancas tiveram média de 11,0 anos de estudo, contra 9,4 anos entre pretos ou pardos.

Crianças e jovens

O acesso à educação infantil cresceu: 39,8% das crianças de 0 a 3 anos frequentavam creche em 2024, contra 30,3% em 2016. No entanto, Norte e Nordeste enfrentam maiores carências: no Norte, 35,6% dos bebês e 46,8% das crianças de 2 a 3 anos ficaram fora das creches por falta de vagas.

Na faixa de 6 a 14 anos, 99,5% das crianças estavam escolarizadas, consolidando a universalização. Entre 15 e 17 anos, a taxa foi de 93,4%, abaixo do previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

Já entre jovens de 18 a 24 anos, apenas 27,1% frequentavam o ensino superior, percentual ainda distante da meta de 33% prevista no PNE.

Atraso escolar e abandono

Apesar da melhora no acesso, o atraso escolar persiste. Entre jovens de 15 a 17 anos, 76,7% estavam no ensino médio, abaixo da meta de 85% até 2024. Entre jovens de 18 a 24 anos, 64,6% não frequentavam a escola nem haviam concluído a etapa adequada.

O abandono escolar precoce foi mais elevado no Nordeste (7,8%) e no Norte (6,1%), ainda em idade de ensino fundamental. A partir dos 15 anos, os índices aumentam, impulsionados pela necessidade de trabalho, gravidez ou falta de interesse.

Jovens fora da escola e do trabalho

Em 2024, 8,7 milhões de jovens de 14 a 29 anos não haviam concluído o ensino médio. Do total, 42% abandonaram a escola para trabalhar e 25,1% apontaram falta de interesse. Entre mulheres, a gravidez foi o segundo motivo mais citado (23,4%).

O percentual de jovens de 15 a 29 anos que não estudavam, não trabalhavam e não se qualificavam chegou a 18,5% em 2024. No Norte e Nordeste, esses índices são superiores à média nacional, evidenciando vulnerabilidades sociais.

Ensino técnico e qualificação

O ensino médio técnico registrou aumento: em 2024, 9,2% dos estudantes do ensino médio estavam em cursos técnicos ou magistério, alta de 28,8% em relação a 2019. A frequência em cursos de qualificação profissional cresceu 8,8% entre 2023 e 2024.

Rede pública e ensino superior

Entre pessoas que chegaram ao ensino superior, 72,6% haviam cursado o ensino médio exclusivamente na rede pública. No caso de pós-graduação, 59,3% também tinham formação no ensino médio público.

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