O tombamento de um guindaste durante a montagem da árvore de Natal de 2025, no Largo de São Sebastião, no Centro de Manaus, resultou na morte de Antônio Paulo Rodrigues de Souza, de 40 anos, e deixou outro trabalhador ferido. O acidente ocorreu na manhã de domingo (23), por volta das 10h.
Um vídeo registrado no momento da queda mostra o equipamento tombando enquanto um dos trabalhadores estava na lança do guindaste, no alto da estrutura da árvore. A estrutura metálica também caiu.
A seguir, veja o que já se sabe e o que ainda precisa ser esclarecido sobre o caso.
Quem são as vítimas do acidente?
As vítimas trabalhavam para uma empresa contratada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (SEC) para a ornamentação natalina do Largo de São Sebastião.
- Antônio Paulo Rodrigues de Souza, 40 anos — morreu no local após sofrer queda de altura.
Segundo o IML, ele apresentou edema cerebral, hemorragia craniana e traumatismo craniano. - Henes Libório Ramos, 47 anos — sofreu fratura em uma das pernas e permanece internado.
Horas antes do acidente, Antônio Paulo havia gravado um vídeo no alto do guindaste, mostrando parte do trabalho.
Ele também participou da montagem da árvore de Natal em 2022.
Quem operava o guindaste?
O operador foi identificado como Antônio Benjamin, que pulou da cabine para tentar se salvar no momento do tombamento. Ele foi preso após o acidente.
Segundo o delegado Marcelo Martins, do 24º DIP:
- o operador estava afastado pelo INSS, recebendo auxílio-doença;
- trabalhava apenas por diária no serviço;
- não tinha autorização nem condições para desempenhar a função naquele momento.
A Polícia Civil também apura a participação de um auxiliar durante a operação do equipamento.
Quem prestou socorro?
Um ex-militar da reserva e um médico que passavam pelo local realizaram os primeiros atendimentos.
Depois, equipes do Corpo de Bombeiros e do Samu chegaram ao Largo.
A SEC afirmou que as primeiras informações apontam falha operacional como possível causa do acidente, o que será investigado pela Polícia Civil.
O que diz o Conselho de Engenharia e Agronomia (Crea-AM)?
O Crea-AM informou que fiscalizou o local uma semana antes e:
- identificou a atuação de uma empresa sem registro, que foi autuada;
- verificou somente ARTs de elétrica e de estruturas metálicas — nenhuma ART específica de operação de guindaste;
- constatou que, até sexta-feira, não havia guindaste trabalhando, apenas um caminhão-munck, também autuado.
No domingo, após o acidente:
- fiscais identificaram o CNPJ da empresa envolvida;
- nenhum trabalhador soube informar sobre plano de rigging, obrigatório para içamento;
- não foi localizada ART referente ao serviço executado no momento do acidente.
O que diz o Iphan?
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) determinou a suspensão da montagem da árvore de Natal, pois a intervenção no Largo de São Sebastião, área protegida por ser entorno do Teatro Amazonas, não tinha aprovação prévia.
O projeto havia sido protocolado no dia 18 de novembro e ainda estava em análise.
O que dizem as empresas envolvidas?
Cenart Arquitetura Artística
Responsável pela ornamentação, lamentou o falecimento de Antônio Paulo e expressou solidariedade à família.
Transmuller Aluguel de Máquinas
A empresa declarou:
- ter sido contratada apenas para o aluguel do guindaste com operador;
- que não era responsável pelo planejamento técnico ou coordenação da operação;
- que o operador designado teria “todas as qualificações exigidas por lei”.
A investigação irá verificar se essa informação procede, dado que o operador estava afastado pelo INSS.
O que ainda precisa ser esclarecido?
- Por que um operador afastado pelo INSS foi contratado para operar o equipamento?
- Houve falha mecânica ou erro humano?
- A empresa responsável possuía ART e plano de rigging para operação do guindaste?
- Qual a responsabilidade de cada empresa envolvida na cadeia de contratação?
- O órgão público fiscalizou adequadamente a operação?
- O projeto de ornamentação deveria ter sido iniciado sem aprovação formal do Iphan?
- Houve sobrepeso na estrutura ou erro de cálculo?
As respostas dependem dos laudos da Polícia Civil, perícias técnicas, depoimentos e análise da documentação.
*Com informações do G1
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