Amazonas tem apenas 13% da população com coleta de esgoto, o pior índice da região Norte

Estação de Coleta e Tratamento de Esgoto da Timbiras. (Foto: Águas de Manaus)

O Amazonas é um dos estados mais atrasados do Brasil em saneamento básico. De acordo com o relatório Avanços do Marco Legal do Saneamento Básico – 2025, do Instituto Trata Brasil, apenas 13,2% da população amazonense tem acesso à coleta de esgoto.

O índice coloca o estado em situação crítica, abaixo da já frágil média da região Norte, que é de 34%, e muito distante da média nacional, que alcança 62,9%.

Na prática, isso significa que a cada 10 moradores do Amazonas, menos de dois têm o esgoto de suas casas coletado e tratado.

O restante depende de fossas rudimentares ou despeja os dejetos diretamente em igarapés e rios, agravando a contaminação da água e elevando o risco de doenças.

Norte x Sudeste: o retrato da desigualdade

O relatório evidencia a desigualdade regional no Brasil. Enquanto três em cada quatro moradores do Sudeste têm coleta de esgoto (75%), na região Norte pouco mais de um em cada três contam com o serviço.

O Amazonas aparece como o estado mais crítico, mas a situação também é grave em outros vizinhos: Acre (18%) e Pará (24%) apresentam índices igualmente baixos.

Na outra ponta, estados como São Paulo (93%), Minas Gerais (82%) e Paraná (80%) caminham para atingir as metas de universalização previstas no Marco Legal do Saneamento, que estabelece que até 2033, 90% da população brasileira deve ter acesso à coleta e tratamento de esgoto.

Água encanada não significa saneamento completo

No abastecimento de água, o Amazonas apresenta 63,5% de cobertura, um número acima da média regional (62%), mas ainda muito inferior à média nacional (84,6%) e ao patamar do Sudeste (91%). Outro desafio é a perda de água tratada no sistema, que no estado chega a 55%, um dos piores índices do país.

“É um contrassenso que o estado que concentra a maior bacia hidrográfica do mundo ainda sofra tanto com a falta de infraestrutura de saneamento. Isso mostra que não se trata de escassez, mas de desigualdade na aplicação de recursos e gestão pública”, avalia o relatório.

A falta de coleta de esgoto está diretamente ligada a problemas de saúde pública. Dados do setor mostram que doenças como diarreia, hepatite A e verminoses estão entre as principais causas de internação em áreas sem saneamento adequado.

Além disso, o lançamento de esgoto in natura em igarapés e rios compromete a qualidade da água da Amazônia, considerada estratégica para o equilíbrio climático global.

Desafios até 2033

Para cumprir as metas do Marco Legal do Saneamento, o Amazonas teria de ampliar a cobertura de esgoto em quase sete vezes nos próximos oito anos, saltando de 13% para 90%. Isso exigirá investimentos bilionários e planejamento integrado entre União, estados e municípios.

Enquanto isso, a população segue vivendo o contraste entre a riqueza natural da região e a precariedade dos serviços básicos.

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