Da subordinação ao Pará à autonomia política
Em 5 de setembro de 1850, o Amazonas deixou de ser subordinado à Província do Grão-Pará e foi oficialmente elevado à categoria de província do Império do Brasil. O ato, sancionado pelo imperador Dom Pedro II, representou a emancipação política do território e marcou um novo capítulo na história regional.
Durante décadas, o Amazonas viveu sem autonomia administrativa, submetido às decisões políticas de Belém. A insatisfação aumentou após a Revolta da Cabanagem (1835–1840), que matou cerca de 25% da população local. Temendo perder o controle da região estratégica, o governo imperial passou a considerar a separação.
Apoio político e criação da província
A proposta de emancipação ganhou força no parlamento e recebeu apoio de deputados provinciais e senadores. Entre os articuladores, destacaram-se Tavares Bastos e João Baptista de Figueiredo Tenreiro Aranha, paraense que defendeu a criação da nova província.
O projeto foi aprovado e sancionado em 1850, mas só entrou em vigor dois anos depois.
“Era um anseio muito antigo que nós realmente obtivéssemos a nossa independência do Pará. Então foi muito celebrado. A partir daí, um novo horizonte se abriu para a antiga Capitania do Rio Negro”, explicou o escritor e pesquisador Roger Perez.
Segundo ele, a separação marcou um divisor de águas:
“É antes de 1850 e depois de 1850. Tudo foi muito diferente a partir de então. A Manaus de 1850 era uma, a Manaus de 1900 era outra, completamente diferente”.
Desenvolvimento econômico e abertura internacional
A elevação à província também abriu espaço para maior integração econômica. Antes, a navegação do rio Amazonas a embarcações estrangeiras era restrita, por interesse do governo imperial.
Com a mudança, o comércio internacional foi impulsionado: produtos passaram a circular legalmente e a borracha pôde ser exportada, consolidando o Amazonas no cenário econômico.
Esse processo fortaleceu a região e permitiu que a riqueza natural da floresta fosse inserida de forma mais direta nas dinâmicas comerciais globais.
Identidade e celebração dos amazonenses
Mais do que uma conquista administrativa, a criação da Província do Amazonas representou a construção de uma identidade própria. Povos indígenas, comunidades ribeirinhas e migrantes formaram uma tapeçaria cultural que ajudou a consolidar o orgulho regional.
Hoje, 175 anos depois, a data é celebrada como um momento de reflexão e pertencimento.
“É uma data que marca a nossa história, que lembra quem somos e de onde viemos. Por isso, celebrar essa data é celebrar a memória do nosso povo, as nossas raízes”, concluiu Perez.
O Dia da Elevação do Amazonas à Categoria de Província coincide também com o Dia da Amazônia, instituído em 2007 para promover a conscientização sobre a importância do bioma e estimular ações de preservação. As duas celebrações reforçam o papel estratégico do Amazonas tanto na história nacional quanto no debate ambiental contemporâneo.
*Com informações do G1 Amazonas
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